sexta-feira, 20 de junho de 2008

Primeira postagem

Esta é a primeira vez que posto neste blog.
Para a abertura, coloco abaixo um trecho de uma crônica de Martha Medeiros, na qual a autora expressa a relação entre o autor, o texto e o leitor.
"Quando escrevemos, temos total domínio sobre a situação. Cada palavra é rigorosamente escolhida para transmitir melancolia, entusiasmo, resignação ou o que for. O personagem está sob nossa regência, a gente o conhece como a nós mesmos, já que nós e ele somos, de certa forma, a mesma pessoa.
"Madame Bovary c´est moi!", disse Flaubert, e isso vale para todos os que escrevem, para todos os que transferem suas angústias, suas fantasias e seus sentimentos para seus personagens, camufladamente ou não. Desconfio daqueles que se autodenominam apenas contadores de histórias. Mesmo estes, em algum momento ou outro, revelam-se nas entrelinhas.
Mas o texto é apenas 100% do autor enquanto inédito. Uma vez publicado, passa a sofrer a interferência do leitor, que interpretará o que está lendo de uma maneira muito particular, de acordo com as experiências que acumulou, de acordo com seu estado de espírito no momento da leitura ou das carências por que anda passando. Num sarau, por exemplo, a pessoa que está lendo em voz alta um poema que não é dela dará uma pontuação diferente, fará uma pausa onde preferiríamos aceleração, ou dará carga dramática a um verbo que nos parecia supérfluo. Nem poderia ser diferente. É o leitor assumindo seu posto de co-autor. Todos os leitores são co-autores.
Por e-mail me chegam mensagens de pessoas que, ao comentarem um mesmo texto, referem-se a ele de maneira totalmente diversa. Uns o consideram poético, outros o consideram cômico ou mal-humorado, e cada um está certo à sua maneira, pois não estão interessados em desvendar o que o autor pensa, e sim em formular sua própria opinião. Autor e leitor entram em comunhão quando encontram afinidades, mas, ainda que se entendam, o texto raramente mantém-se idêntico para os dois."
Futuros leitores, expressem sempre as suas opiniões.

4 comentários:

moa disse...

então ju, concordo que um texto é 100% de quem o escreve antes do leitor, mas vc já pensou sobre quem escreve tão claramente a ponto de levantar à todos os leitores uma msm opinião? claro q isso depende do que ele escreve, mas acredito nesta possibilidade... embora existam interpretações que sejam completamente diversificadas em sua maioria!

bjus,
(((MOA)))

moa disse...

existem momentos que precisamos manter os pés no chão realmente, mas prefiro flutuar por enquanto!!! "Avisa que é de se entregar... o viver..." rsrs

pois então... no momento de criação é difícil saber se a(s)emoção(ões) sentida(s) pelo autor pode(m) ser a(s) mesma(s) do leitor... mas não significa que seja impossível, concorda!? acredito na existência de uma "sintonia fina"!!

bjus,
(((MOA)))

Grupo Freehold disse...

Costumo pensar que escrever um texto é como ter um filho. Nunca tive um filho, mas já escrevi muitos textos e sei que ele carrega meu DNA culural.
Ele pode se parecer comigo e quando "cresce" pode até mesmo me trazer problemas, orgulho e tudo mais que um filho pode fazer por um pai.

é isso...

Parabéns pelo Blog Ju!

Bjão!!

Wadson Xavier disse...

não se pode ter pudor ao escrever
só escreve bem quem escreve com a alma
um dia eu chego lá