quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Happy New Year!

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era época da estiagem, da terra esfarelada, e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs, vinha um velhinho com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de ritual para que o jardim não morresse. Eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmim em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam o muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como que refletidas no espelho do ar. Às vezes um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. Eu me sinto completamente feliz.

Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles



Em 2009, vamos reaprender a ver vida...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cadernos literários se tornam comuns entre os brasileiros

por Juliette

Recentemente, o "The New York Times", um dos jornais mais famosos do mundo, nomeou o jornalista Sam Tanenhaus como novo editor de um dos suplementos mais lidos entre os americanos: o caderno literário.

Nos Estados Unidos, o caderno literário reúne críticas de livros, resenhas, poemas e também há um apelo mercadológico com o ranking dos livros mais vendidos em todo país. Já no Brasil, os leitores de jornais impressos não encontram este tipo de conteúdo nos cadernos culturais, que proporcionam as novidades e as agendas das principais expressões artísticas em cartaz.

Os brasileiros que buscam poesia e resenhas em uma única publicação, optam por uma forma alternativa, que recebe o mesmo nome do suplemento americano, mas sem publicidade. Os cadernos literários brasileiros reúnem as mais diversas produções textuais de pessoas envolvidas com a literatura ou não, apenas com o intuito de propagarem suas idéias.

Uma experiência juizforana

Em Juiz de Fora, universitários dos cursos de letras e jornalismo se reuniram para publicar o caderno literário "Encontrare", que já se encontra na segunda edição. "A pretensão é que o número só aumente, para que a divulgação dos trabalhos locais seja intensa e reconhecida não só por quem se identifica com essa literatura, mas também por um público que desconhece os talentos que caminham paralelamente ao mercado", disse o idealizador do projeto Luiz Fernando Priamo.

A descoberta de talentos também faz parte do papel da publicação. "Eu escrevo em um blog e por causa dos textos que fiz fui convidado para escrever no caderno. É uma experiência bacana porque pessoas que não vivem da escrita, podem se expressar", disse o estudante de jornalismo Rafael Bouças.

Em relação a aceitação dos leitores, o caderno de Juiz de Fora parece ter cumprido a sua missão. "Prezando sempre a necessidade do público de valorizar o trabalho iniciante, a simplicidade e sensibilidade, o caderno foi cada vez mais sendo aceito pelo público interessado em literatura", ressaltou Luiz Fernando.

Veja como é um caderno literário:
- Caderno Literário – Porto Alegre(RS)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona

It´s too late...
por Juliette

Em maio deste ano, o cineasta nova-iorquino Woody Allen apresentou sua nova produção no Festival de Cinema de Cannes. O filme é "Vicky Cristina Barcelona", uma comédia que traz no elenco os atores Scarlett Johansson, Javier Bardem e Penelope Cruz.

Algumas críticas dizem que Allen está brincando de ser Almodovar por fazer uso da Espanha como ambiente da narrativa e de atores espanhóis para conduzirem a história. Há também aqueles que dizem que o filme faz parte da nova fase do diretor que deixa Nova York de lado para fazer locações na Europa, a exemplo de "Scoop - o grande furo" e "Match Point". Já foram elaboradas até crônicas comparando os relacionamentos atuais e o triângulo amoroso abordado no filme.

Nesta semana, "Vicky Cristina Barcelona" teve a sua estréia nacional e ainda não está passando em Juiz de Fora. Diante de tantas informações, as conseqüências são a curiosidade e a vontade sintetizar todas essas opiniões em uma só, a alto-conclusão.

Em 2008, obras cinematográficas vencedoras do Oscar como "Juno", "Onde os fracos não tem vez" e "Piaf - um hino ao amor", também demoraram a chegar na cidade pólo da Zona da Mata Mineira, para decepção do público que só absorve os mais diversos tipos de resenhas e críticas.
Juiz de Fora se consolidou como uma cidade estudantil e cultural. Há um público ávido por cinema, música, teatro ou qualquer outra manifestação artística.

O problema não é a falta de espaço, pois a cidade conta com bons cinemas e mais de uma sala em cada um desses ambientes. O que realmente falta é a conscientização, a abertura de pensamento para o mercado que está diante dos donos dos espaços e a melhor distribuição de filmes para as cidades que estão fora do eixo Rio - São Paulo.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Mais uma vez Drummond...


Poema do Jornal

O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensangüentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.

Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.


Sala de Linotipos(1960) - Diário de la Marina/Cuba - O jornal era contra o regime de Fidel Castro.







sexta-feira, 7 de novembro de 2008

"It Don't Matter If You're Black Or White..."

Consciência Negra
por Juliette

20 de novembro, é considerado o Dia da Consciência Negra, porque foi nesta data que o líder do Quilombo de Palmares, Zumbi, foi assassinado em 1695.
Nascido em Palmares, o recém-nascido Francisco era filho de escravos e foi levado dos braços dos pais, após uma invasão bandeirante ao quilombo.Os “invasores” mataram parte da população quilombola, mas deixou o bebê aos cuidados do Padre Antônio Melo, que o educou, ensinou latim e os estudos da bíblia.
Aos 15 anos, o menino que havia sofrido muitos preconceitos em função de sua cor, rebelou-se. Francisco foi buscar as suas origens e retornou ao Quilombo de Palmares, que ficava na Serra da Barriga, em Pernambuco.Nesta época, os quilombos representavam grandes focos de resistência a causa escravista e o direito de liberdade.
Quando o menino chegou ao quilombo, encontrou seu primo Ganga Zumba, como líder do pequeno povoado. Alguns anos depois da chegada de Francisco ao quilombo, Ganga Zumba foi assassinado por ter acreditado em um acordo de paz feito com os senhores de engenho em prol da liberdade e paz da comunidade que liderava.
Assim, o próximo a assumir o poder em Palmares, foi Francisco, que passou a se chamar Zumbi. No dia 20 de novembro, Zumbi foi torturado e capturado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Um dos principais companheiros do líder quilombola, o traiu entregando-o aos bandeirantes e senhores de engenho, que descobriram o novo esconderijo onde estava Francisco. A comunidade foi destruída. Considerado um rei, Zumbi dos Palmares foi decapitado e sua cabeça exposta em praça pública, no Recife.
Zumbi simboliza a resistência e a ruptura de preconceitos para a população brasileira.
O Brasil precisa resgatar a sua memória e descobrir que existem muitas pessoas que merecem ser destacadas por suas ações. Não é só lá fora que alguém pode vencer como Louis Hamilton ou Barack Obama...
É preciso mudar! O preconceito está dentro de cada um...

Zumbi dos Palmares

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Maurice Ravel


Joseph-Maurice Ravel , nasceu em Ciboure, no dia 7 de março de 1875 . Foi um compositor e pianista francês.

Morreu em Paris, no dia 28 de dezembro de 1937.

Ravel compôs uma das mais belas músicas da história.

Com vocês, o Bolero de Ravel!!!









quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Um poeta apaixonado

Vinicius, um grande poeta

Por Juliette

Neste ano, o país comemora os 50 anos de Bossa
Nova. Um movimento musical popular que recebeu influência da música erudita dos compositores franceses Charles Debussy e Maurice Ravel, com uma pitada de jazz e samba.

No final da década de 50, o Rio de Janeiro passava por uma efervescência cultural, principalmente na música. Alguns jovens da classe média, dos bairros do Leblon e Copacabana, se reuniam para expressarem e exporem seus acordes uns para os outros. Desses encontros nascia a Bossa Nova e também um novo Vinicius de Moraes.

Na verdade, trata-se de uma outra vertente de Vinícius que aflorava, porque antes de ser boêmio e músico, era poeta.

A poética de Vinícius não é de difícil compreensão, mas dentro da métrica e das formas tradicionais. No documentário, "Vinícius", dirigido por Miguel Faria Júnior, o ensaísta Antônio Cândido diz que o poeta se aproximou como nenhum outro, dos ideais modernistas de retratar a vida cotidiana.

Vinícius de Moraes, o "poetinha", casou-se nove vezes e a cada conquista buscava a felicidade e principalmente a paixão, que alimentava e inspirava suas poesias. Essas reproduziam a melancolia e o sentimento amoroso de uma forma tal que mergulhavam no inconsciente de seus leitores, muitas vezes não habituados à leitura.

Autor de crônicas, peças de teatro, críticas de cinema, foi um dos poetas mais traduzidos em todo mundo. Entre os seus versos mais célebres estão: "(...) Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure".

Vinícius de Moraes apresenta em sua biografia, uma característica peculiar, que talvez nenhum outro artista do movimento da bossa a tenha. O “poetinha” não se limitou a um simples dó, a uma clave de sol ou fá e uma métrica, ele fez pessoas sonharem e transporem os limites da vida por meio da poesia.

Enquanto as músicas e composições de Vinícius estão em destaque em função de tão importante comemoração, as poesias encontram-se no esquecimento, ou pelo menos, fora do imaginário popular.





terça-feira, 14 de outubro de 2008

Um olhar sobre o rebanho...

António Carvalho de Silva Porto, 1850-1893 - Guardando o Rebanho 1893, óleo sobre tela 160 x 200 cm Museu Nacional de Soares dos Reis Porto, Portugal.

Uma breve conceituação

No dicionário, o significado de pecuária é: “arte ou indústria do tratamento ou criação do gado, rebanhos, avicultura”. Já a palavra alimentação é carregada de significações: 1 – Ato ou efeito de alimentar-se. 2- Conjunto das substâncias de que o indivíduo costuma alimentar-se. 3 – Abastecimento, provimento, fornecimento.

A partir da Revolução Industrial do século XVIII, as teorias científicas e técnicas passaram a estabelecer uma relação de dependência mútua. Assim, ao juntar técnica com ciência (logos, do grego) temos a Tecnologia e encontramos a origem da nossa civilização tecnológica.

Agora, vamos unir os quatro termos apresentados: pecuária, alimentação, ciência e tecnologia para lançar um desafio e mostrar a ligação entre eles.

Nesta semana, comemora-se no dia 14 de outubro, o Dia Nacional da Pecuária. E no dia 16, o Dia Mundial da Alimentação e também o Dia da Ciência e Tecnologia. Mas a relação entre os temas não está só na proximidade de seus dias, mas nas suas aplicações para a sociedade.

A pecuária tem um papel importante para a economia e para a alimentação da população. Cada espécie, ao seu modo contribui para a produção de ricos e essenciais alimentos como: leite, carne e ovos, por exemplo.

E a tecnologia reúne os conhecimentos, estudos e princípios científicos que possam ser aplicados diretamente para auxiliar esta produção e melhorar a qualidade dos rebanhos e assim também dos consumidores finais destes alimentos.


Juliette também informa.


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Com vocês, o poetinha















Poética II

Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia
eu fiz o cimento
da minha poesia

e na perspectiva
da vida futura ergui em carne viva
sua arquitetura
não sei bem se é casa

se é torre ou se é templo(um templo sem Deus)
mas é grande e clara
pertence a seu tempo
- entrai, irmão meus!

Vinícius de Moraes

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Política


Dizem que política e religião não são temas para se discutir. Será?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Por que criar um blog?

Alguns dizem que é moda. Outros dizem que é uma forma de expressão e divulgação de informações que não encontrariam espaço na grande mídia.
Você com certeza conhece muitos blogs famosos. Para os estudantes de comunicação, a dica primeira é o Blog do jornalista Ricardo Noblat. Aquele que escreveu "A arte de fazer um jornal diário" e também "O que é ser jornalista?".
Antes, bem antes, de surgirem os fotologs, os blogs eram mania na internet, juntamente com o icq e o mirc para bater um papo. O blog havia surigido com uma proposta diferente, como uma espécie de diário, sem muitos recursos e sem opção de fotos.
Com tempo, ele retorna aprimorado e com força total. Muitas pessoas se veem em uma situação pela qual nunca imaginaram, principalmente em um país como o Brasil, onde se lê e escreve pouco: surgiram os "blogueiros", viciados em escrever textos e tecer críticas sobre outros autores do cyber espaço. Nunca se leu e escreveu tanto para um público tão diverso quanto esse da internet.

Fiz uma pesquisa google básica para procurar o conceito de blog. Encontrei muitas coisas desconexas. Mas em um site que hospeda este tipo de conteúdo, havia a seguinte opinião:
"A definição de Blog não é consensual. Um Blog é um registro cronológico e freqüentemente atualizado de opiniões, emoções, fatos, imagens ou qualquer outro tipo de conteúdo que o autor ou autores queiram disponibilizar. Existem muitos tipos de Blogs, ouve-se muitas vezes a expressão "Diário virtual" para descrever o Blog" .
O site informava ainda que um Blog pode ser muito mais do que isso. Depende apenas e só do autor ou autores queiram que o seu Blog seja.

Díficil definir o que escrever e porquê criar um diante de tanta abrangência temática...

Criei este blog e vou levando até que ele tenha uma identidade.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Mania de Cultura

No ar...

Estou colocando abaixo o link do blog da Rádio Ces. Lá é possível ouvir o Programa Mania de Cultura, no qual eu apresento e faço também a produção.
http://radiocesjf.blogspot.com/

O programa que está disponível tem uma entrevista com o contra-baixista Dudu Lima. Vale a pena conferir!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Hoje é dia de poesia...


Quadrilha (Carlos Drummond de Andrade)

"João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J.Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história."

terça-feira, 15 de julho de 2008

Le Petit Chanteurs de Lyon

Douce France - Charles Trenet

Il revient à ma mémoire des souvenirs familiers
Je revois ma blouse noire lorsque j'étais écolier
Sur le chemin de l'école je chantais à pleine voix
Des romances sans paroles, vieilles chansons d'autrefois

Douce France, cher pays de mon enfance
Bercée de tendre insouciance, je t'ai gardée dans mon coeur !
Mon village au clocher, aux maisons sages
Où les enfants de mon âge ont partagé mon bonheur
Oui je t'aime et je te donne ce poèmeOui je t'aime dans la joie ou la douleur
Douce France, cher pays de mon enfanceBercée de tendre insouciance, je t'ai gardée dans mon coeur !

J'ai connu des paysages et des soleils merveilleux
Au cours de lointains voyages tout là-bas sous d'autres cieux
Mais combien je leur préfère mon ciel bleu mon horizon
Ma grande route et ma rivière, ma prairie et ma maison.

Douce France, cher pays de mon enfance
Bercée de tendre insouciance, je t'ai gardée dans mon coeur !
Mon village au clocher, aux maisons sages
Où les enfants de mon âge ont partagé mon bonheur
Oui je t'aime et je te donne ce poème
Oui je t'aime dans la joie ou la douleurDouce France, cher pays de mon enfance
Bercée de tendre insouciance, je t'ai gardée dans mon coeur !

terça-feira, 8 de julho de 2008

Mulheres balzaquianas e a ficção





Monica Geller
Carrie Bradshaw
Bridget Jones.

São balzaquianas, bonitas, bem-sucedidas e têm muitos amigos.
O grande problema que permeia suas tramas é a falta de amor.
Todas querem alguém que as complete e principalmente para casar!
Mas, não é bem assim que acontece. E por que será que é tão difícil?
A ficção percebeu que nem sempre a receita de sucesso é o romance água com açúcar. Ser realista, ás vezes dá certo.
No filme, “De repente 30” Jenna Rink, descontente com sua idade faz um pedido que se torna realidade: “Quero ter 30 anos, a idade do sucesso!”.
Qual seria o sucesso que ela queria alcançar aos 30?

As balzaquianas da ficção são inteligentes, engraçadas e com uma boa rede de relacionamentos.

Com tantas qualidades, por que estão sempre sozinhas? Ou melhor, solteiras. Porque as relações nem sempre são duradouras.

Somente no final da trama é que aparecem os maridos, então Chandler Bing, Mr. Big e Mark Darcy.

A realidade pode ser mostrada durante o filme, mas o final...
... sempre é feliz.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Sociedade...


Você conhece os personagens da foto?
Ainda não vou apresentá-los. Por enquanto, só posso dizer que estão em Copacabana e que são um dos casais mais famosos do mundo.
Nada os abalava. Não se preocupavam com preconceitos, esteriótipos, regras.
Observem. Ela é mais alta do que ele. Poucos homens admitem essa situação.
Prosseguindo. Eles se amavam muito. Mesmo assim, levavam um relacionamento aberto, com relações paralelas.
Eram filósofos, questionadores.
E acima de tudo, eram felizes.

Ela é Simone de Beauvoir e ele Jean-Paul Sartre.

Apesar do polêmico relacionamento que tinham e de todas as críticas, as pessoas poderiam pelo menos aprender a desligar-se e a desprender-se de todos os problemas e conceitos impostos pela sociedade para tentar ser um pouco mais feliz!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Primeira postagem

Esta é a primeira vez que posto neste blog.
Para a abertura, coloco abaixo um trecho de uma crônica de Martha Medeiros, na qual a autora expressa a relação entre o autor, o texto e o leitor.
"Quando escrevemos, temos total domínio sobre a situação. Cada palavra é rigorosamente escolhida para transmitir melancolia, entusiasmo, resignação ou o que for. O personagem está sob nossa regência, a gente o conhece como a nós mesmos, já que nós e ele somos, de certa forma, a mesma pessoa.
"Madame Bovary c´est moi!", disse Flaubert, e isso vale para todos os que escrevem, para todos os que transferem suas angústias, suas fantasias e seus sentimentos para seus personagens, camufladamente ou não. Desconfio daqueles que se autodenominam apenas contadores de histórias. Mesmo estes, em algum momento ou outro, revelam-se nas entrelinhas.
Mas o texto é apenas 100% do autor enquanto inédito. Uma vez publicado, passa a sofrer a interferência do leitor, que interpretará o que está lendo de uma maneira muito particular, de acordo com as experiências que acumulou, de acordo com seu estado de espírito no momento da leitura ou das carências por que anda passando. Num sarau, por exemplo, a pessoa que está lendo em voz alta um poema que não é dela dará uma pontuação diferente, fará uma pausa onde preferiríamos aceleração, ou dará carga dramática a um verbo que nos parecia supérfluo. Nem poderia ser diferente. É o leitor assumindo seu posto de co-autor. Todos os leitores são co-autores.
Por e-mail me chegam mensagens de pessoas que, ao comentarem um mesmo texto, referem-se a ele de maneira totalmente diversa. Uns o consideram poético, outros o consideram cômico ou mal-humorado, e cada um está certo à sua maneira, pois não estão interessados em desvendar o que o autor pensa, e sim em formular sua própria opinião. Autor e leitor entram em comunhão quando encontram afinidades, mas, ainda que se entendam, o texto raramente mantém-se idêntico para os dois."
Futuros leitores, expressem sempre as suas opiniões.