segunda-feira, 19 de abril de 2010

Elsa e Fred


Você tem medo de morrer? A morte é a única certeza que temos na vida. Díficil prever quando este momento irá acontecer, mas viver para esperá-la não é o melhor caminho. Livros de auto-ajuda e frases de efeito dizem para vivermos cada momento como se fosse o último, questionam os valores humanos e dizem que o segredo é pensar sempre positivo. Talvez.

Se você é jovem e vê uma vida inteira a sua frente, provavelmente faz planos e não vê estes valores desta maneira. Mas o seu ponto de vista pode mudar ao alcançar a famosa terceira idade. É neste momento que o passado vem à tona e tudo o que já viveu se transforma em sabedoria e experiência. É quando as doenças aparecem, os netos já cresceram e uma longa estrada já foi percorrida...

Dentro deste contexto se passa o filme "Elsa e Fred - um amor de paixão" (2005). Elsa, é uma senhora argentina bastante animada, que dirige o seu carro vermelho para todos os cantos de Madrid. Ao tentar passar uma pequena mentira a diante, esta mulher se vê apaixonada por seu vizinho Fred, um viúvo de quase 80 anos, que acredita piamente na história contada por Elza.

Assim, a trama se desenrola e estes vizinhos se envolvem em uma bela história de amor, na qual ambos superam dificuldades e aprendem a enxergar os seus limites físicos e mentais, ou até a falta destes. Elsa, questiona ao seu conjuge sobre o sentido da vida e se ele realmente tem medo de morrer, ou se na verdade o medo é mesmo de viver. Já Fred, descobre que a filosofia de vida de Elsa, se baseia em esquecer dos problemas, viver intensamente os momentos mais especiais, sem se preocupar com as consequências das atitudes tomadas por ela, porque já não havia mais tempo a ser perdido. E afinal, por que perder tempo?

O filme revisita Federico Fellini em "La Dolce Vita", promovendo uma bela homenagem metalinguística ao diretor e proporcionando ao espectador um momento de emoção. Elsa, sempre sonhou em repetir a cena em que Anita Ekberg e Marcelo Mastroiani fizeram se banhando na Fontana de Trevi, em Roma. E assim, foi feita a sua vontade. Fred, reuniu o dinheiro de sua aposentadoria e mais algumas economias e comprou duas passagens para Itália, levando a sua amada para conhecer um dos principais cartões postais do país. Uma mostra de que os sonhos não se perdem com o tempo e podem sim, ser muito bem vividos.

Será que é tempo
Que lhe falta prá perceber?
Será que temos esse tempo
Prá perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
(Paciência - Lenine/Dudu Falcão).

12 comentários:

calenza disse...

esse filme é muito bom
bja

Fernando disse...

Engraçado, eu acho complicado viver intensamente e sem arrependimentos. Mais do que coisa de livro de auto ajuda, isso parece insanidade. Rs... Em todo caso, sorte deles que são velhos, com grana e alegria de viver.

Rafael Puime disse...

Me lembrou, ainda que em partes, o filme "The Bucket List" com o Nicholson e Morgan Freeman.

Não é o estilo de filme que me agrada, pois é um assunto meio batido e com os mesmos clichês... mas se foi digno de um post por aqui, parece ter um q a mais. Quem sabe em um futuro próximo?!

;*

Lingua,linguistica e literatura disse...

muito legal o texto, e muita coragem falar de um tema como esse: a morte. Eu também ja ousei-me a escrever sobre, mas foi em forma de poesia
voce escreve muito bem
ta de parabens

Anônimo disse...

Vim até aqui...
para te trazer gentilezas...
e beijos gentis...
Leca

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Estou curioso agora para ver.
E respondendo sua pergunta: se tenho medo de morrer?
Morro de medo...
kkkkkkkk
Abração

Tamara Queiroz disse...

Jú,

Volto aqui, porque gosto daqui.

Eu volto logo que passar essa loucura de final de projeto.

B-jinho

João Ninguém disse...

Nunca vi o filme, irei ver em breve...
E, esse texto me faz pensar que você também contrarie o senso, e enxergue a beleza de um casal de velhos, acho que com todos os defeitos dos seres e efeitos do tempo, o amor é isso, um casal de velhos.


PS: Ah, escrevi nos sujos sobre o 1984 com mais teorias malucas minhas haha

Tamara Queiroz disse...

Eu vivo como se não fosse morrer, como já disse um sábio. Mas medo eu não tenho, não.

Se a vida é um fluxo e nada permanece o mesmo. Então, pela manhã teremos que partir...

Anônimo disse...

esse filme é ma-ra-vi-lho-so! eu assisti quando passou na mostra de sampa há uns anos atrás! ótima pedida!


até

Wadson Xavier disse...

Interessante, preciso ver esse filme.