segunda-feira, 11 de maio de 2009

O desaparecimento de Dali

Dali, o Salvador do Surrealismo desapareceu há 20 anos. Assim como no teatro, no qual as cortinas se fecham para um ator que deixa os palcos para sempre, na pintura, desaparecer é a metáfora do fim da vida.

O pintor catalão, pai de relógios, de seres quadrados, de inspirações renascentistas, traços árabes, figuras oníricas que flertam com a psicologia no entendimento do subconsciente, também fez esculturas e contribuiu para o cinema, teatro e literatura. Conheceu Federico Garcia Lorca, Pablo Picasso, Alfred Hitchcok, Juan Miró e Luiz Buñel, este último parceiro de direção no filme "O Cão Andaluz".

Surpreendemente multifacetado, Salvador Dali também fez design de embalagens para perfumes, estampas de tecidos e trabalhou na produção de um desenho para a Walt Disney.

A maior parte das obras do artista estão no Teatro-museu Dali, na Catalunha, no qual o pintor foi diretor e pessoalmente escolheu as peças expostas, além da decisão sobre quais artistas ocupariam algumas galerias do lugar. Reformado após a Guerra Civil Espanhola, o espaço abriga o mobiliário do pintor, diversas peças produzidas por ele e também é o local onde repousa o corpo de Dali.

Neste mês, no Espaço Dali em Paris, pode-se conferir a exposição "Dali no Trabalho", na qual a rotina de trabalho do pintor é mostrada por mais de cem fotografias tiradas desde 1950, que refletem como a maneira lúdica de expor ideias e de jogar com elas, poderia contribuir para o processo criativo de Dali. A exposição temporária, em homenagem às duas décadas de "desaparecimento" do pai do surrealismo, reune imagens reveladoras e intimistas que foram tiradas por Robert Descharnes, que é amigo do mestre catalão.

Atualmente, a influência direta do surrealismo de Dali, mantém-se viva pelas mãos do filho dele, Roy Dali, que guarda a semelhança com pai não só na profissão, como também na aparência de bigodes finos e retorcidos. O pai criou relógios derretidos buscando simbolizar a expansão do tempo e a imortalidade do artista, o filho criou sorvetes sólidos para mostrar que as coisas são eternas pela rigidez delas, seriam portanto duráveis.

Para Roy, o seu genitor tinha uma missão na Terra. Mesmo sendo alguém de personalidade explosiva, ele conseguiu deixar o seu sinal por aqui e por isso é lembrado até hoje.

E que o sinal de Dali seja perpetuado, expandido e solidificado para além das fronteiras, para residirem na "existência" do subsconsciente...

5 comentários:

Guilherme Victal disse...

Ótimo texto Júlia!
É sempre bom ler sobre pessoas que souberam revolucionar a arte em geral; ainda mais quando a pessoa em questao é ninguem mais do que o genial Dali.

Luiz Fernando "Mirabel" disse...

Dalí, um cara que se dizia monarquista metafisicamente, seja lá o que ele quis dizer com isso!
Sou fã incondicional da sua loucura, sua maestria e sua arrogância!!

Vida longa!

Thiago Almeida disse...

Que texto magnifico!

Salvador Dali é o cara...rs
Adoro o cão andaluz e TODOS os seus feitos. Muito visionário, um artista impar em nossa história!

Sâmia Lopes disse...

Oi Ju, eu tenho umas fotos do Espaço Dali que tirei em Barcelona..O espaço fica perto da Praça Cataluña e das Ramblas. Ótimo texto parabéns!BCN é incrível e não é difícil saber de onde Dalí tirou suas inspirações. A cidade é surreal. bjuss

Thais Thomaz disse...

Mirabel havia me falado de seu texto, passei para conferir. Gostei mtO!

Você foi a única pessoa que eu vi lembrar o Dali na data em que ele faria anos.

O cara “excêntrico com seus bigodes arrogantes” conseguia abstrair a realidade de tal forma q o tornava mais real que ele pensava não ser. Não se julgava surrealista, nem mesmo louco, como a maioria das pessoas o descrevia...

Enfim!!! Ótimo o texto, vou passar aqui mais vezes!!!

AbraçãO.