terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Surpresa!


Existem obras em que os finais são sempre previsíveis. Comédias românticas geralmente terminam com finais felizes e beijo na boca, não é? Nas novelas, as mocinhas choram durante toda a trama e no final sempre encontram os seus caminhos.

Mas e quando não é possível prever o final? Quando as coisas parecem ser o que não são? Se você assistiu os filmes "Os outros" e "A vila" entende bem o que quero dizer nesta postagem. Caso não tenha visto nenhum dos dois, eu explico. No primeiro filme, uma mulher se muda com os filhos para uma mansão, para esperar que o marido volte da guerra. Estes novos habitantes da casa, apresentam comportamentos estranhos e uma espécie de doença que os impede de receber a luz do sol. O desfecho é inusitado e descobrimos que na verdade, esta família não pertence a "este plano" e por aí, é possível entender a surpresa de quem assiste. Como já entreguei demais o enredo, sugiro que assistam o segundo filme e tirem as suas conclusões!

Na literatura é comum observarmos este tipo de surpresa em contos e poesias. Thiago Almeida, autor do blog Meio Pau é mestre nesta arte. Ele escreve textos com temas diversos que se desdobram em coisas inimagináveis e reflexivas, mas sempre muito bem tecidos e amarrados.

Neste contexto, destaco a música como um terreno fértil e bastante explorado. Os compositores Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, da Banda Los Hermanos, sabem contar histórias por meio de suas canções. As "narrativas" apresentam início, meio e fim. Quase não vemos repetições exaustivas de refrão e assim acompanhamos os sentimentos do eu-lírico de forma a querer saber como ele se resolveu diante de determinada situação. Quer um exemplo? "Veja meu bem" é um relato de um personagem solitário e que revela quem é a sua verdadeira companhia.

Veja a interpretação de Maria Rita para a música:



Vale a pena conferir também a versão de Ney Matogrosso para esta letra.

Gostou?

Então, me surpreenda com seus comentários!

4 comentários:

Thiago Almeida disse...

Ser clichê em meu comentário, num texto intitulado 'Surpresa!', chega ser um disparate. Mas, serei!

Primeiro, o artifício do ponto de virada, sempre é – e será - um tempero delicioso. É esta “arapuca” que dá graça numa piada, que prende o expectador na cadeira, o leitor até a última página do livro... Enfim, gerar expectativa e criar cumplicidade é, de fato, algo bem bacana de se ver, ouvir, ler...

Segundo, sinto, verdadeiramente, muito grato por me citar em seu texto. Veio à tona com uma questão que estava me martelando: “Que vertente literal devo me dedicar e estudar mais?”. Acho que vou entrar de cabeça nos contos!

Por fim, comentar Los Hermanos é fácil. Gosto muito dos trabalhos do Camelo e do Amarante. Sem puxa-saquismo, desde o primeiro álbum (criticadasso até por eles), já tinha percebido que ali tinha - e vinha - coisa boa!

Valeu pelo elogio... Parabéns pelo texto e saiba que, aqui desse lado, também tem um grande leitor e admirador de sua escrita!

Até mais, Ju!!!

Os Sujos disse...

bacana, já assisti o pprimeiro. O segundo vou aproveitar a folia carnavalesca para assistir! sobre los hermanos é foda!

Diana disse...

Também sou adepta dos desfechos inusitados. Já que gosta, indico um conto pouco conhecido da Clarice Lispector, que vai um pouco na contramão de sua proposta intimista, mas que é muit surpreendente, se chama : A solução. Não sei se já leu, mas caso não, certamente encontrará na internet. É curto, profundo, surpreendente!

Helô disse...

Ferir o princípio aristotélico pode representar mau agouro, acontece que essa quebra no enredo pode ser uma receita de sucesso, como aconteceu com "O sexto sentido" e nos dois citados, ou cair no desgosto daqueles mais envolvidos com produções "Clichês". "Entre os muros da escola" deixou muita gente com aquele ar de "não levante, ainda tem história".

Isso pode fazer uma ferida na carreira do diretor.

Sou a favor dessa trama "surpresa", a final, o romantismo, enquanto estilo, apesar de fazer muito sucesso na telinha (telenovelas), é do século XIX e de lá para cá a literatura deu uma guinada, principalmente com as teses realistas e o estilo moderno.

Mas, se você é diretor e não quer se arriscar ser amado por uma pequena parcela dos consumistas, é melhor investir no arroz com feijão...Abrasileirando a coisa!

Inté!