quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Gavetas da memória infantil

Quase não escrevo em primeira pessoa por aqui. Mas desta vez, abro uma exceção.

Ontem, me encontrei em um momento saudosista, buscando referências musicais da infância e percebi que era uma criança fora dos padrões.

Senti saudade de Eric Clapton, mais especificamente de "Tears in Heaven", música composta em homenagem ao filho do cantor, que caiu do 53º andar de um prédio. Lembrei-me de uma matéria que foi exibida no Fantástico para reportar tal fato e mostrar o sofrimento do pai da criança expresso por meio de tão bela música.

Outro fato curioso encontrado nas gavetas de minha memória foi buscar em meus guardados, The Carpenters. Cresci cercada de discos de vinil e fitas cassetes. Como uma ironia do destino, uma fitinha da dupla Karen e Richard Carpenter foi parar na minha mão. Adorava escutar aquelas baladinhas, especificamente, "Close to you", "Sing" e "Please Mr. Postman".

E Balão Mágico? Se lembram? Agora com as festas Ploc que rodam o Brasil, com ícones dos anos 80 como Ursinho Blau Blau, Gretchen e Sidney Magal, os mais jovens também aprenderam a gritar por aí "Super fantástico amigo, que bom estar contigo no nosso balão". Todo refrão bem feito é guardado e logo vira um hit ou volta a ser.

Simoni, Jairzinho e compania limitada me conduziram nesse balão musical repleto de alegria durante vários anos.

Até que um dia a Rainha dos Baixinhos, tomou conta da programação infantil global e ditou moda, música e brincadeiras. Desta fase, aproveitei os bons desenhos que passavam no programa e também o "Ilariê", porque disso ninguém escapou.Mas, todos nós temos um passado que nos condena. E este passou.

Retomando as gavetinhas. Posso dizer, que quando eu era criança pedi de presente o CD "Jagged Little Pill" da Alanis Morissete, um dos primeiros. Logo em seguida, veio a banda No Doubt.

Não posso esquecer dos Beatles. Ainda não sabia falar inglês, mas cantava quase o repertório inteiro à minha maneira. Hoje eu posso dizer que entre o que eu mais ouvia estava "Day Tripper", "We can work it out", "Lady Madona","Hey Jude" e "Revolution" e muitas outras.

Adoniran Barbosa e Elis Regina fizeram parte da minha lista também, com "Tiro ao Álvaro". Quando a pimentinha começava a cantar "De tanto levar frechada do teu olhar...", eu logo acompanhava.

Foi uma época muito produtiva musicalmente, a descoberta dos sons e a formação de um gosto, que não mudou até hoje!

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Happy New Year!

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era época da estiagem, da terra esfarelada, e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs, vinha um velhinho com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de ritual para que o jardim não morresse. Eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmim em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam o muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como que refletidas no espelho do ar. Às vezes um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. Eu me sinto completamente feliz.

Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles



Em 2009, vamos reaprender a ver vida...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Cadernos literários se tornam comuns entre os brasileiros

por Juliette

Recentemente, o "The New York Times", um dos jornais mais famosos do mundo, nomeou o jornalista Sam Tanenhaus como novo editor de um dos suplementos mais lidos entre os americanos: o caderno literário.

Nos Estados Unidos, o caderno literário reúne críticas de livros, resenhas, poemas e também há um apelo mercadológico com o ranking dos livros mais vendidos em todo país. Já no Brasil, os leitores de jornais impressos não encontram este tipo de conteúdo nos cadernos culturais, que proporcionam as novidades e as agendas das principais expressões artísticas em cartaz.

Os brasileiros que buscam poesia e resenhas em uma única publicação, optam por uma forma alternativa, que recebe o mesmo nome do suplemento americano, mas sem publicidade. Os cadernos literários brasileiros reúnem as mais diversas produções textuais de pessoas envolvidas com a literatura ou não, apenas com o intuito de propagarem suas idéias.

Uma experiência juizforana

Em Juiz de Fora, universitários dos cursos de letras e jornalismo se reuniram para publicar o caderno literário "Encontrare", que já se encontra na segunda edição. "A pretensão é que o número só aumente, para que a divulgação dos trabalhos locais seja intensa e reconhecida não só por quem se identifica com essa literatura, mas também por um público que desconhece os talentos que caminham paralelamente ao mercado", disse o idealizador do projeto Luiz Fernando Priamo.

A descoberta de talentos também faz parte do papel da publicação. "Eu escrevo em um blog e por causa dos textos que fiz fui convidado para escrever no caderno. É uma experiência bacana porque pessoas que não vivem da escrita, podem se expressar", disse o estudante de jornalismo Rafael Bouças.

Em relação a aceitação dos leitores, o caderno de Juiz de Fora parece ter cumprido a sua missão. "Prezando sempre a necessidade do público de valorizar o trabalho iniciante, a simplicidade e sensibilidade, o caderno foi cada vez mais sendo aceito pelo público interessado em literatura", ressaltou Luiz Fernando.

Veja como é um caderno literário:
- Caderno Literário – Porto Alegre(RS)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Vicky Cristina Barcelona

It´s too late...
por Juliette

Em maio deste ano, o cineasta nova-iorquino Woody Allen apresentou sua nova produção no Festival de Cinema de Cannes. O filme é "Vicky Cristina Barcelona", uma comédia que traz no elenco os atores Scarlett Johansson, Javier Bardem e Penelope Cruz.

Algumas críticas dizem que Allen está brincando de ser Almodovar por fazer uso da Espanha como ambiente da narrativa e de atores espanhóis para conduzirem a história. Há também aqueles que dizem que o filme faz parte da nova fase do diretor que deixa Nova York de lado para fazer locações na Europa, a exemplo de "Scoop - o grande furo" e "Match Point". Já foram elaboradas até crônicas comparando os relacionamentos atuais e o triângulo amoroso abordado no filme.

Nesta semana, "Vicky Cristina Barcelona" teve a sua estréia nacional e ainda não está passando em Juiz de Fora. Diante de tantas informações, as conseqüências são a curiosidade e a vontade sintetizar todas essas opiniões em uma só, a alto-conclusão.

Em 2008, obras cinematográficas vencedoras do Oscar como "Juno", "Onde os fracos não tem vez" e "Piaf - um hino ao amor", também demoraram a chegar na cidade pólo da Zona da Mata Mineira, para decepção do público que só absorve os mais diversos tipos de resenhas e críticas.
Juiz de Fora se consolidou como uma cidade estudantil e cultural. Há um público ávido por cinema, música, teatro ou qualquer outra manifestação artística.

O problema não é a falta de espaço, pois a cidade conta com bons cinemas e mais de uma sala em cada um desses ambientes. O que realmente falta é a conscientização, a abertura de pensamento para o mercado que está diante dos donos dos espaços e a melhor distribuição de filmes para as cidades que estão fora do eixo Rio - São Paulo.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Mais uma vez Drummond...


Poema do Jornal

O fato ainda não acabou de acontecer
e já a mão nervosa do repórter
o transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensangüentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.

Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.


Sala de Linotipos(1960) - Diário de la Marina/Cuba - O jornal era contra o regime de Fidel Castro.







sexta-feira, 7 de novembro de 2008

"It Don't Matter If You're Black Or White..."

Consciência Negra
por Juliette

20 de novembro, é considerado o Dia da Consciência Negra, porque foi nesta data que o líder do Quilombo de Palmares, Zumbi, foi assassinado em 1695.
Nascido em Palmares, o recém-nascido Francisco era filho de escravos e foi levado dos braços dos pais, após uma invasão bandeirante ao quilombo.Os “invasores” mataram parte da população quilombola, mas deixou o bebê aos cuidados do Padre Antônio Melo, que o educou, ensinou latim e os estudos da bíblia.
Aos 15 anos, o menino que havia sofrido muitos preconceitos em função de sua cor, rebelou-se. Francisco foi buscar as suas origens e retornou ao Quilombo de Palmares, que ficava na Serra da Barriga, em Pernambuco.Nesta época, os quilombos representavam grandes focos de resistência a causa escravista e o direito de liberdade.
Quando o menino chegou ao quilombo, encontrou seu primo Ganga Zumba, como líder do pequeno povoado. Alguns anos depois da chegada de Francisco ao quilombo, Ganga Zumba foi assassinado por ter acreditado em um acordo de paz feito com os senhores de engenho em prol da liberdade e paz da comunidade que liderava.
Assim, o próximo a assumir o poder em Palmares, foi Francisco, que passou a se chamar Zumbi. No dia 20 de novembro, Zumbi foi torturado e capturado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Um dos principais companheiros do líder quilombola, o traiu entregando-o aos bandeirantes e senhores de engenho, que descobriram o novo esconderijo onde estava Francisco. A comunidade foi destruída. Considerado um rei, Zumbi dos Palmares foi decapitado e sua cabeça exposta em praça pública, no Recife.
Zumbi simboliza a resistência e a ruptura de preconceitos para a população brasileira.
O Brasil precisa resgatar a sua memória e descobrir que existem muitas pessoas que merecem ser destacadas por suas ações. Não é só lá fora que alguém pode vencer como Louis Hamilton ou Barack Obama...
É preciso mudar! O preconceito está dentro de cada um...

Zumbi dos Palmares

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Maurice Ravel


Joseph-Maurice Ravel , nasceu em Ciboure, no dia 7 de março de 1875 . Foi um compositor e pianista francês.

Morreu em Paris, no dia 28 de dezembro de 1937.

Ravel compôs uma das mais belas músicas da história.

Com vocês, o Bolero de Ravel!!!









quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Um poeta apaixonado

Vinicius, um grande poeta

Por Juliette

Neste ano, o país comemora os 50 anos de Bossa
Nova. Um movimento musical popular que recebeu influência da música erudita dos compositores franceses Charles Debussy e Maurice Ravel, com uma pitada de jazz e samba.

No final da década de 50, o Rio de Janeiro passava por uma efervescência cultural, principalmente na música. Alguns jovens da classe média, dos bairros do Leblon e Copacabana, se reuniam para expressarem e exporem seus acordes uns para os outros. Desses encontros nascia a Bossa Nova e também um novo Vinicius de Moraes.

Na verdade, trata-se de uma outra vertente de Vinícius que aflorava, porque antes de ser boêmio e músico, era poeta.

A poética de Vinícius não é de difícil compreensão, mas dentro da métrica e das formas tradicionais. No documentário, "Vinícius", dirigido por Miguel Faria Júnior, o ensaísta Antônio Cândido diz que o poeta se aproximou como nenhum outro, dos ideais modernistas de retratar a vida cotidiana.

Vinícius de Moraes, o "poetinha", casou-se nove vezes e a cada conquista buscava a felicidade e principalmente a paixão, que alimentava e inspirava suas poesias. Essas reproduziam a melancolia e o sentimento amoroso de uma forma tal que mergulhavam no inconsciente de seus leitores, muitas vezes não habituados à leitura.

Autor de crônicas, peças de teatro, críticas de cinema, foi um dos poetas mais traduzidos em todo mundo. Entre os seus versos mais célebres estão: "(...) Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure".

Vinícius de Moraes apresenta em sua biografia, uma característica peculiar, que talvez nenhum outro artista do movimento da bossa a tenha. O “poetinha” não se limitou a um simples dó, a uma clave de sol ou fá e uma métrica, ele fez pessoas sonharem e transporem os limites da vida por meio da poesia.

Enquanto as músicas e composições de Vinícius estão em destaque em função de tão importante comemoração, as poesias encontram-se no esquecimento, ou pelo menos, fora do imaginário popular.